terça-feira, 31 de maio de 2011

LÓGICA FORMAL E LÓGICA DIALÉTICA

LÓGICA FORMA E LOGICA DIALÉTICA

Lógica formal é tudo aquilo que tem sua formalidade, ou seja, aquela que pode ser explicado e comprovado cientificamente.REAL Também pode-se dizer que a lógica formal tem significado comum por exemplo uma arvore é uma arvore.
Lógica dialética é abstrata, aquela que só esta no pensamento, na idéia, não tem como explicar, alias da para explicar mas não tem como se comprovar. Também pode-se dizer que são os fenômenos com o significado comum que um depende do outro, como por exemplo: vida e morte
A lógica forma é metafísica todas as coisas são iguais a si mesmas. (Alciomiro)

LÓGICA

“É lógico que eu vou!”, “É lógico que ela disse isso!”. Quando dizemos frases
como essas, a expressão “é lógico que ” indica, para nós e para a pessoa com
quem estamos falando, que se trata de alguma coisa evidente. A expressão
aparece como se fosse a conclusão de um raciocínio implícito, compartilhado
pelos interlocutores do discurso. Ao dizer “É lógico que eu vou!”, estou supondo
que quem me ouve sabe, sem que isso seja dito explicitamente, que também
estou afirmando: “Você me conhece, sabe o que penso, gosto ou quero, sabe o
que vai acontecer no lugar x e na hora y e, portanto, não há dúvida de que irei
até lá”.
Ao dizer “É lógico que ela disse isso!”, a situação é semelhante. A expressão
seria a conclusão de algo que eu e a outra pessoa sabemos, como se eu estivesse
dizendo: “Sabendo quem ela é, o que pensa, gosta, quer, o que costuma dizer e
fazer, e vendo o que está acontecendo agora, concluo que é evidente que ela
disse isso, pois era de se esperar que ela o dissesse”.
Nesses casos, estamos tirando uma conclusão que nos parece óbvia, e dizer “é
lógico que” seria o mesmo que dizer: “é claro que” ou “não há dúvida de que”.
Em certas ocasiões, ouvimos, lemos, vemos alguma coisa e nossa reação é dizer:
“Não. Não pode ser assim. Isso não tem lógica!”. Ou, então: “Isso não é lógico!”.
Essas duas expressões indicam uma situação oposta às anteriores, ou seja, agora
uma conclusão foi tirada por alguém, mas o que já sabemos (de uma pessoa, de
um fato, de uma idéia, de um livro) nos faz julgar que a conclusão é indevida,
está errada, deveria ser outra. É possível, também, que as duas expressões
estejam indicando que o conhecimento que possuímos sobre alguma coisa, sobre
alguém ou sobre um fato não é suficiente para compreendermos o que estamos
ouvindo, vendo, lendo e por isso nos parece “não ter lógica”.
Nesses vários exemplos, podemos perceber que as palavras lógica e lógico são usadas por nós para significar:
1. ou uma inferência: visto que conheço x, disso posso concluir y como
conseqüência;
2. ou a exigência de coerência: visto que x é assim, então é preciso que y seja
Assim;
3. ou a exigência de que não haja contradição entre o que sabemos de x e a
conclusão y a que chegamos;
4. ou a exigência de que, para entender a conclusão y, precisamos saber o
suficiente sobre x para conhecer por que se chegou a y.
Inferência, coerência, conclusão sem contradições, conclusão a partir de
conhecimentos suficientes são algumas noções implicitamente pressupostas por
nós toda vez que afirmamos que algo é lógico ou ilógico.
Ao usarmos as palavras lógica e lógico estamos participando de uma tradição de
pensamento que se origina da Filosofia grega, quando a palavra logos –
significando linguagem-discurso e pensamento-conhecimento – conduziu os
filósofos a indagar se o logos obedecia ou não a regras, possuía ou não normas,
princípios e critérios para seu uso e funcionamento. A disciplina filosófica que se
ocupa com essas questões chama-se lógica.
O aparecimento da lógica: Heráclito e Parmênides
Quando estudamos o nascimento da Filosofia, vimos que os primeiros filósofos
se preocupavam com a origem, a transformação e o desaparecimento de todos os
seres. Preocupavam-se com o devir. Duas grandes tendências adotaram posições
opostas a esse respeito, na época do surgimento da Filosofia: a do filósofo
Heráclito de Éfeso e a do filósofo Parmênides de Eléia.
Heráclito afirmava que somente o devir ou a mudança é real. O dia se torna noite,
o inverno se torna primavera, esta se torna verão, o úmido seca, o seco umedece,
o frio esquenta, o quente esfria, o grande diminui, o pequeno cresce, o doente
ganha saúde, a treva se faz luz, esta se transforma naquela, a vida cede lugar à
morte, esta dá origem àquela.
O mundo, dizia Heráclito, é um fluxo perpétuo onde nada permanece idêntico a
si mesmo, mas tudo se transforma no seu contrário. A luta é a harmonia dos
contrários, responsável pela ordem racional do universo. Nossa experiência
sensorial percebe o mundo como se tudo fosse estável e permanente, mas o
pensamento sabe que nada permanece, tudo se torna contrário de si mesmo. O
logos é a mudança e a contradição.
Parmênides, porém, afirmava que o devir, o fluxo dos contrários, é uma
aparência, mera opinião que formamos porque confundimos a realidade com as
nossas sensações, percepções e lembranças. O devir dos contrários é uma
linguagem ilusória, não existe, é irreal, não é. É o Não-Ser, o nada, impensável e
indizível. O que existe real e verdadeiramente é o que não muda nunca, o que não
se torna oposto a si mesmo, mas permanece sempre idêntico a si mesmo, sem
contrariedades internas. É o Ser.
Pensar e dizer só são possíveis se as coisas que pensamos e dizemos guardarem a
identidade, forem permanentes. Só podemos dizer e pensar aquilo que é sempre
idêntico a si mesmo. Por isso somente o Ser pode ser pensado e dito. Nossos
sentidos nos dão a aparência mutável e contraditória, o Não-Ser; somente o
pensamento puro pode alcançar e conhecer aquilo que é ou existe realmente, o
Ser, e dizê-lo em sua verdade. O logos é o ser como pensamento e linguagem
verdadeiros e, portanto, a verdade é a afirmação da permanência contra a
mudança, da identidade contra a contradição dos opostos.
Assim, Heráclito afirmava que a verdade e o logos são a mudança das coisas nos
seus contrários, enquanto Parmênides afirmava que são a identidade do Ser
imutável, oposto à aparência sensível da luta dos contrários. Parmênides introduz
a idéia de que o que é contrário a si mesmo, ou se torna o contrário do que era,
não pode ser (existir), não pode ser pensado nem dito porque é contraditório, e a
contradição é o impensável e o indizível, uma vez que uma coisa que se torne
oposta de si mesma destrói-se a si mesma, torna-se nada. Para Heráclito, a
contradição é a lei racional da realidade; para Parmênides, a identidade é essa lei
racional.
A história da Filosofia grega será a história de um gigantesco esforço para
encontrar uma solução para o problema posto por Heráclito e Parmênides, pois,
se o primeiro tiver razão, o pensamento deverá ser um fluxo perpétuo e a verdade
será a perpétua contradição dos seres em mudança contínua; mas se Parmênides
tiver razão, o mundo em que vivemos não terá sentido, não poderá ser conhecido,
será uma aparência impensável e viveremos na ilusão.
Será preciso, portanto, uma soluç ão que prove que a mudança e os contrários
existem e podem ser pensados, mas, ao mesmo tempo, que prove que a
identidade ou permanência dos seres também existe, é verdadeira e pode ser
pensada. Como encontrar essa solução?

O aparecimento da lógica: Platão e Aristóteles
No momento de seu apogeu, isto é, de Platão e de Aristóteles, a Filosofia
oferecerá as duas soluções mais importantes para o problema da contradiçãomudança
e identidade-permanência dos seres. Não vamos, aqui, falar dessas duas
filosofias, mas destacar um aspecto de cada uma delas relacionado com o nosso
assunto, isto é, com o surgimento da lógica.
Platão considerou que Heráclito tinha razão no que se refere ao mundo material
ou físico, isto é, ao mundo dos seres corporais, pois a matéria é o que está sujeito
a mudanças contínuas e a oposições internas. Heráclito está certo no que diz
respeito ao mundo de nossas sensações, percepções e opiniões: o mundo natural
ou material (que Platão chama de mundo sensível) é o devir permanente.
No entanto, dizia Platão, esse mundo é uma aparência (é o mundo dos
prisioneiros da caverna), é uma cópia ou sombra do mundo verdadeiro e real e,
nesse, Parmênides é quem tem razão. O mundo verdadeiro é o das essências
imutáveis (que Platão chama de mundo inteligível), sem contradições nem
oposições, sem transformação, onde nenhum ser passa para o seu contraditório
Mas como conhecer as essências e abandonar as aparências? Como sair da
caverna? Através de um método do pensamento e da linguagem chamado
dialética.
Em grego, a palavra dia quer dizer dois, duplo; o sufixo lética deriva-se de logos
e do verbo legin (cujo sentido estudamos nos capítulos dedicados à linguagem e
ao pensamento). A dialética, como já vimos, é um diálogo ou uma conversa em
que os interlocutores possuem opiniões opostas sobre alguma coisa e devem
discutir ou argumentar de modo a passar das opiniões contrárias à mesma idéia
ou ao mesmo pensamento sobre aquilo que conversam. Devem passar de
imagens contraditórias a conceitos idênticos para todos os pensantes.
A dialética platônica é um procedimento intelectual e lingüístico que parte de
alguma coisa que deve ser separada ou dividida em dois ou duas partes contrárias
ou opostas, de modo que se conheça sua contradição e se possa determinar qual
dos contrários é verdadeiro e qual é falso. A cada divisão surge um par de
contrários, que devem ser separados e novamente divididos, até que se chegue a
um termo indivisível, isto é, não formado por nenhuma oposição ou contradição
e que será a idéia verdadeira ou a essência da coisa investigada. Partindo de
sensações, imagens, opiniões contraditórias sobre alguma coisa, a dialética vai
separando os opostos em pares, mostrando que um dos termos é aparência e
ilusão e o outro, verdadeiro ou essência.
A dialética é um debate, uma discussão, um diálogo entre opiniões contrárias e
contraditórias para que o pensamento e a linguagem passem da contradição entre
as aparências à identidade de uma essência. Superar os contraditórios e chegar ao
que é sempre idêntico a si mesmo é a tarefa da discussão dialética, que revela o
mundo sensível como heraclitiano (a luta dos contrários, a mudança incessante) e
o mundo inteligível como parmenidiano (a identidade perene de cada idéiaconsigo mesma).
Aristóteles, por sua vez, segue uma vi a diferente da escolhida por Platão.
Considera desnecessário separar realidade e aparência em dois mundos diferentes
– há um único mundo no qual existem essências e aparências – e não aceita que a
mudança ou o devir seja mera aparência ilusória. Há seres cuja essência é mudar
e há seres cuja essência é imutável. O erro de Heráclito foi supor que a mudança
se realiza sob a forma da contradição, isto é, que as coisas se transformam nos
seus opostos, pois a mudança ou transformação é a maneira pela qual as coisas
realizam todas as potencialidades contidas em suas essência e esta não é
contraditória, mas uma identidade que o pensamento pode conhecer.
Assim, por exemplo, quando a criança se torna adulta ou quando a semente se
torna árvore, nenhuma delas tornou-se contrária a si mesma, mas desenvolveu
uma potencialidade definida pela identidade própria de sua essência. Cabe à
Filosofia conhecer como e por que as coisas, sem mudarem de essência,
transformam-se, assim como cabe à Filosofia conhecer como e por que há seres
imutáveis (como as entidades matemáticas e as divinas). Parmênides tem razão: o
pensamento e a linguagem exigem a identidade. Heráclito tem razão: as coisas
mudam. Ambos se enganaram ao supor que identidade e mudança são
contraditórias. Tal engano levou Platão à desnecessária divisão dos mundos.
Em segundo lugar, Aristóteles considera que a dialética não é um procedimento
seguro para o pensamento e a linguagem da Filosofia e da ciência, pois tem como
ponto de partida simples opiniões contrárias dos debatedores, e a escolha de uma
opinião contra outra não garante chegar à essência da coisa investigada. A
dialética, diz Aristóteles, é boa para as disputas oratórias da política e do teatro,
para a retórica, pois esta tem como finalidade persuadir alguém, oferecendo
argumentos fortes que convençam o oponente e os ouvintes. É adequada para os
assuntos sobre os quais só cabe a persuasão, mas não para a Filosofia e a ciência,
porque, nestas, interessa a demonstração e a prova de uma verdade.
Substituindo a dialética por um conjunto de procedimentos de demonstração e
prova, Aristóteles criou a lógica propriamente dita, que ele chamava de analítica
(a palavra lógica será empregada, séculos mais tarde, pelos estóicos e Alexandre
de Afrodísia).
Qual a diferença entre a dialética platônica e a lógica (ou analítica) aristotélica?
Em primeiro lugar, a dialética platônica é o exercício direto do pensamento e da
linguagem, um modo de pensar que opera com os conteúdos do pensamento e do
discurso. A lógica aristotélica é um instrumento que antecede o exercício do
pensamento e da linguagem, oferecendo-lhes meios para realizar o conhecimento
e o discurso. Para Platão, a dialética é um modo de conhecer. Para Aristóteles, a
lógica (ou analítica) é um instrumento para o conhecer.
Em segundo lugar, a dialética platônica é uma atividade intelectual destinada a
trabalhar contrários e contradições para superá-los, chegando à identidade da
essência ou da idéia imutável. Depurando e purificando as opiniões contrárias, a
dialética platônica chega à verdade do que é idêntico e o mesmo para todas as
inteligências. A lógica aristotélica oferece procedimentos que devem ser
empregados naqueles raciocínios que se referem a todas as coisas das quais
possamos ter um conhecimento universal e necessário, e seu ponto de partida não
são opiniões contrárias, mas princípios, regras e leis necessárias e universais do
pensamento.
Elementos de lógica
Principais características da lógica
Aristóteles propôs a primeira classificação geral dos conhecimentos ou das
ciências dividindo-as em três tipos: teoréticas, práticas e produtivas. Todos os
saberes referentes a todos os seres, todas as ações e produções humanas
encontravam-se distribuídos nessa classificação que ia da ciência mais alta – a
filosofia primeira – até o conhecimento das técnicas criadas pelos homens para a
fabricação de objetos. No entanto, nessa classificação não encontramos a lógica.
Por quê?
Para Aristóteles, a lógica não era uma ciência teorética, nem prática ou produtiva,
mas um instrumento para as ciências. Eis por que o conjunto das obras lógicas
aristotélicas recebeu o nome de Órganon, palavra grega que significa
instrumento.
A lógica caracteriza-se como:
? instrumental : é o instrumento do pensamento para pensar corretamente e
verificar a correção do que está sendo pensado;
? formal: não se ocupa com os conteúdos pensados ou com os objetos referidos
pelo pensamento, mas apenas com a forma pura e geral dos pensamentos,
expressa através da linguagemiv;
? propedêutica: é o que devemos conhecer antes de iniciar uma investigação
científica ou filosófica, pois somente ela pode indicar os procedimentos
(métodos, raciocínios, demonstrações) que devemos empregar para cada
modalidade de conhecimento;
? normativa: fornece princípios, leis, regras e normas que todo pensamento deveseguir se quiser ser verdadeiro;
? doutrina da prova: estabelece as condições e os fundamentos necessários de
todas as demonstrações. Dada uma hipótese, permite verificar as conseqüências
necessárias que dela decorrem; dada uma conclusão, permite verificar se é
verdadeira ou falsa;
? geral e temporal : as formas do pensamento, seus princípios e suas leis não
dependem do tempo e do lugar, nem das pessoas e circunstâncias, mas são
universais, necessárias e imutáveis como a própria razão.
Fonte:Marilene chaui